Filho,
Fico aqui a contemplar teu sono
Lindo e tão desprotegido
Te contemplo e,
Lembro-te desde os primeiros movimentos,
Teu coração rápido eu escuto ainda na minha mente
Sinto ainda a graça, a felicidade que tinha ao te imaginar
Ao te sentir
Ah, que emoção ínfima, incomparável
Quando te senti e vi quando ao mundo
Com vigor vieste buscar
Quando te tinha na minha barriga
Na segurança do meu coração
Não tive medos
Hoje o medo existe em todos os lados
Já não posso te proteger tanto
Já não posso te esconder do mundo
A vida está correndo a cada minuto
Em passo largos e alegres
Vais seguindo e abrindo novos horizontes
Descobrindo a vida a cada instante.
Só me resta te amar, ensinar, orientar
Fazer que cada dia sejas feliz
E te fazer sentir que eu que te pari,
Te dou minha vida,
Te dou tudo o que sou
E só peço a Deus que te proteja
Ilumine e te guie.
Hoje,
Meu coração de mãe, chora,
Impotente, incrédula,
Diante da crueldade
Da forma como foi tirada a vida do
Menino do Rio
Arrastado até a morte
Não consigo entender
Tanta crueldade
Hoje ao te ver dormir,
Me coloco no lugar desta mãe que sentiu na carne,
A sua própria carne, arrastada, esvaindo lhe a vida.
Oro ao Senhor
Que ele dê a este coração de mãe
O alento da justiça,
A sabedoria divina para continuar a viver,
Pois hoje é morta-viva
Tendo em Chagas seu coração.
Senhor ,
te peço com fervor,
Ampare esta mãezinha
E dê luz ao anjo que se foi.
Leonor Maria Fagundes