ALMA NUA

Quis dar-te a vida da minha alma nua
o porquê, não sei explicar
minhas caricias uma a uma
Só a ti te queria te entregar.

Mas muito dentro de mim
sabia que não serias meu
porque tuas saudades dela
era o verdadeiro amor teu

inútil é lutar com a memória dela
ela é insubstituível, com razão
ela se foi e fechou a cancela
deixando preso teu coração

Não quero ser consoladora
seria um inferno esse viver
e a minha alma nua chora
porque também vou partir

Teu amor só meu, queria,
acho bem que eu mereço
a minha vida inteira te daria
e pagaria qualquer preço

Te entregarei minha alma nua
será a unica forma de ser tua
e se para conseguer que me ames
devo morrer, tal qual ela
então vou, já não me chames
me vou ao céu junto a ela
fica com a minha alma nua…

Adalys V. Róndon

MAR DA SAUDADE

Quando te sinto triste,
minha maior vontade,
seria estar ao teu lado,
para fazermos da nossa tristeza,
um pacote bem fechado,
jogado no mar da saudade.

Quando te percebo alegre,
um sol ilumina o meu dia,
E nele, descanso a alma,
porque nela entra a tua alegria.
Do cotidiano sem calma,
ela é o bálsamo que o suaviza.

Quando te vejo saudoso,
envolto em mil sentimentos,
gostaria que soubesses,
que de todos os lamentos,
o pior seria se sumisses,
levando contigo nossos momentos.

Quanto me percebo inquieta,
talvez quem sabe, pela distância,
lembro que nos propomos a uma meta,
mergulhando num oceano de ânsias,
em que juntos seguiremos uma reta,
em busca da almejada felicidade.

Guida Linhares

AS TRÊS IRMÃS

Existem três irmãs que caminham sempre juntas,
a primeira se chama Paixão.
Alegre e entusiasmada ela logo vai nos envolvendo e
vamos ficando dependentes de sua presença.
Ela nos acena com mil favores e promessas de amor eterno…fogosa ninfa que nos devora sem dó nem piedade o pobre corpo e o incauto coração.
Um dia ela se vai, tão rápida quanto chegou,
leva consigo parte de nós, deixando um vazio dentro do peito…
É nesse momento que somos apresentados à sua irmã, a Solidão…
A Solidão é muda, se agarra ao nosso peito e invade o vazio deixado pela paixão que se foi.
Suas mãos gélidas parecem paralisar nossa alma, sentimo-nos presos ao negror de seus olhos,
não conseguimos ver adiante, apenas sentimos a
sua presença sufocante em nosso peito.
Devora-nos como uma fera ensandecida,
alimenta-se de nossos medos e dúvidas,
isola-nos do mundo, até que um dia um pequeno raio de sol invada a nossa janela.
A partir dai ela se enfraquece, e vai saindo devagarzinho e vamos enfim voltando a viver.
A terceira irmã se chama Saudade, essa vem de mansinho, como quem nada quer, vai ficando despercebida ali num cantinho da casa…
Um dia deparamos com ela, e voltam as lembranças da Paixão e da Solidão…pensamos em voltar atrás no tempo, mas desistimos e deixamos que a saudade fique ali, como uma eterna recordação daquilo que vivemos.

Jorge Linhaça

NA GUERRA DO FAZ-DE-CONTA

Eis o meu sangue, hei-lo em minhas mãos,
Jaz, junto ao corpo, moribundo da criança,
Que não teve na vida qualquer esperança,
Chamada à morte pelos seus irmãos.

Foi um bala perdida, que a feriu de morte,
Lutando pelos senhores da guerra.
E agora, jaz morta, por sobre a terra,
Nesta violência maldita que não tem norte.

Quem cuidará dela agora, corpo rijo e frio?
Não cuidamos de cuidar dos nossos.
E a terra prepara-se para um novo estio.

Sem se aperceber da criança junto ao sino
Da igreja, onde permanecem os ossos
Doutras crianças, mortas pelo assassino.

Jorge Humberto

CHIQUINHA VAI À ESCOLA

Chiquinha vai à escola
vai feliz e bem contente
os cadernos na sacola
e um rosto sorridente

Chiquinha gosta da coisa,
de estudar e de aprender,
Até comprou uma lousa
pra dividir o seu saber

Chama suas amiguinhas.
depois que vem dado colégio
para brincar de escolinha,
lá no terraço do prédio.

Chiquinha também e sapeca,
e gosta muito de brincar,
de casinha e de boneca,
depois da hora de estudar.

E brincando e estudando
a Chiquinha passa o dia
e quando a noite vai chegando
descansa de tanta folia.

Jorge Linhaça

LEMBRANÇAS

Crepita o fogo nos archotes
em alaranjadas labaredas
como um ritual de sacerdotes
invocando alguma deusa grega

Minhas lembranças, holofotes,
da paixão louca em tal entrega
crepita o fogo nos archotes
em alaranjadas labaredas

Memórias frias, sem retoques
de noites perdidas nas tavernas
tentando afastar-me de teu toque
e como uma punição eterna
crepita o fogo nos archotes

Jorge Linhaça