Poema de areia
Posted by amizadepoesia em Abril 30, 2007
Cadeira azul e desconfortável, parede branca e alta
oprimindo a gentalha que não fala. Senhora da saia
florida, saia da frente desta muleta que ora lhe vaia
e vaia o chão, pranteia o mosaico à linha sem pauta.
Cadeira de rodas tem sede? Não, diz um bebedouro
quebrado soltando tal eco, gargalhada de ar no roto
negro dos aros que fala a todos dos contos do esgoto
e às memórias de madeira deste vivente logradouro.
Mulher dos estranhos odores, que semblante é este?
É a flacidez de tantos filhos e mais quantos abortos,
é a infecção corroendo este útero doente e tão solto?
É solidão, árido castelo da princesa, pó do Nordeste!
Então, um obelisco estandarte acena o pálido cartaz,
ele mal sabe falar e com uma Bíblia nas ávidas mãos,
prega um confuso evangelho para os falidos irmãos;
…dizendo ao mundo do fim, que já é chegada à paz?!
Sandra Ravanini
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