CORAÇÕES ENTRELAÇADOS

Nossos corações são entrelaçados
desde antes de nos conhecermos
antes mesmo de o percebermos
já era este amor pré ordenado

Um encontro, um olhar , um beijo
foi o que bastou para concretiza-lo
Nos céus anjos executavam arpejos
Na terra os corações a canta-lo

Amor que se fez luz num instante
sobrepujando as trevas do olhar
sentimento no peito assim pulsante

elevando-nos a um outro patamar
encontro de dois corações navegantes
singrando o amor, em alto mar

Jorge Linhaça

MINHA CRIANÇA

Tenho os olhos rasos de água,
Com tanta e tanta imiscibilidade,
Que trazem mi alma em mágoa
E meu ser proficiente em dualidade.

Quem soubesse de meu sofrimento,
Da estranheza que vai no mundo,
Por certo viria dar-me algum alento,
Homem nenhum é assim infecundo.

Ah, como sofro, meus senhores,
Ver crianças paridas, à sorte na vida!
Por favor, concedei-me os tremores,

Que fazem da carne a sua vicissitude
E que a vida lhes seja concedida,
Com muita alegria e demais saúde!

Jorge Humberto

Longe demais…

Longe demais para saber voltar…
mas quem sabe um dia…
Me falarás desta louca paixão,
que te levou p`ra longe…
Deste encantamento momentâneo,
que parecia ser o derradeiro amor.
Mas agora lutas
para conservar perto de ti,
aquela que parecia
ser a tua eterna amada.
E que também cedo sucumbiu,
quem sabe talvez,
por uma insensatez ou
incompreensão do que sejam
os meandros de uma alma
que busca a si mesma,
e ainda não se encontrou.
Longe demais para saber voltar,
esta alma é prisioneira do seu sentir,
quando não consegue discernir,
e nem sabe cultivar um único amor.
Quando te perderes entre as amarguras,
e a solidão ecoar nas paredes,
restando apenas o som da própria vóz,
então saberás que muitas te amaram,
mas a nenhuma delas te deste por inteiro e enfim perceberás que estás…
longe demais para saber voltar…

Guida Linhares

LONGE DEMAIS…

Do amor,
Apenas a sombra ficou.
No adeus,
Fagulhas de uma vida
Que se apagou.
No findar dos momentos,
Sentimentos de vidro
E palavras de ventos.
Na solidão,
Sonhos adormecidos
Nas ruínas do meu eu.
Do tempo,
O medo que a ilusão
Morra no esquecimento,
Que a emoção ressentida
Não mais torne a fluir,
Tornando-me embrutecida.
Que a saudade se despeça,
A lágrima enfim seque,
Deixando rude o coração
Tal como um chão infértil.
Que em meu interior
Me encarcere,
Qual folha inerte
Num outono que não fenece…
Da vida,
Não soube a semente cultivar,
Sobraram-me as feridas
Numa alma tão cansada,
Envolta no manto da solidão,
Perdida entre penumbras e prantos,
Longe demais para saber voltar…

Anna Peralva