amizade e poesia

Alguém que faz você rir…Alguém que faz você acreditar em coisas boas…Alguém que convence você …De que existe uma porta destrancada…Só esperando para que você abra. Esta é a Amizade Para Sempre.

A invenção da dança

Posted by amizadepoesia em Maio 28, 2007

Ouvir era ser ouvido                                                   
    para a palavra pousar
    na partilha da harmonia
    de partitura espontânea
    dos gestos das coisas simples:
    o curvar-se até o chão
    no apanhar frutos caídos;
    altear-se até os galhos
    buscando seca madeira
    matéria morta, gravetos
    para o fogo do aconchego.

    Um cotidiano de música
    pelos seus corpos regidos
    a descobrir movimentos
    de uma nova fantasia:
    sons dos ossos em atrito,
    músculos partejando água:
    lagos na pele porosa
    para afogar seus vislumbres.

    De tudo saía música
    somados a outros sons
    de seu entorno silvestre.
    Certo que o mudo silêncio
    de melodia serena
    cantava pelos seus gestos.

    Mas se farta a melodia
    padecia a percussão
    parceira mais efusiva
    que se apurasse no toque
    quebrando a monotonia:
    uma lição para as mãos
    na companhia dos pés.

    Na busca contemplativa
    dessa intenção ao acaso
    não sabida mas sabendo-se
    oitiva de uma atenção.
    no perceber acurado:
    tarefa para os ouvidos.
    casulo de muitas sombras
    sede de santas sevícias.

    Então do choque das pedras
    das chispas de seu encontro
    veio o fogo do barulho
    acompanhar o trinado
    dos que voavam sem rumo;
    dar compasso ao vento solto,
    que afina a fala das folhas.

    Segredo em solo silvado
    o verde traz seus recados
    código do sol cifrado
    para a noite das estrelas,
    que sabe muito de luas,
    e de seus iluminados

    Dos passos dos pés ouviram
    as distâncias das Campinas
    o silêncio de cavernas
    o murmúrio das cascatas
    a surpresa das montanhas
    o mistério azul do mar.

    O sabor das maravilhas
    degustado em seus espantos
    foi-se mansamente em susto
    enredar-se aos movimentos.

    O verbo dado estendia-se
    na imitação do já visto
    e era ancho de se ver
    a beleza revelando-se
    na graça leve dos corpos.

ANIBAL BEÇA

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