Imbecil.Idade

Não tem dia,
Não tem hora,
Não tem praia
nem agora.
Não tem conversa
Acabou-se a farsa
O que era perfume
Tornou-se o caldo
Virou o estrume
De quem tem rabo!
Vá de retro…

Se, em toda casa
tem um gnomo
e em todo jardim
uma fada
o meu anjo,
em disparada
persegue a bruxa
de gomo em gomo

Maria Inês Simões –

Felizes os que podem mover facilmente os olhos…

Felizes os que podem mover facilmente os olhos, sem os ver transbordar.
Oh! Abrir e fechar as pálpebras de mil modos,
refletir as variedades do mundo,
revelar as margens múltiplas e delicadas da alma,
– levemente.

Eu, do coração para cima sou toda lágrimas:
qualquer movimento abala essa secreta arquitetura,
qualquer pequeno descuido pode derramar este oceano
sempre crescente.

Felizes as folhas que o vento alivia da sua carga de orvalho.
Felizes.

Mas o Anjo repete-me sobre cada passo do ponteiro:
“Sustenta a agonia para sempre intacta!”

Para sempre a sustento.

Cecília Meireles

Lágrimas

Você perfurou meus dois olhos.
Mas não com armas pontiagudas,
mas sim com a docilidade
de suas palavras e músicas (ouvi-te).

Dos dois furos emergentes,
estabeleceu-se um escoadouro.
E apesar de sua vazagem vim de fonte seca,
seu produto líquido é ouro… é tolo.

E é belo por isso… é choro.

Você penetrou-me pela janela.
Mas não como invasores desleais,
pois foi convidada, inquirida
pelos meus ouvidos e passos a mais (aproximei-me).

Do deserto antes intacto,
brotou-se e foi colhida afeição
e esta escorreu pelo meu rosto,
afluente do meu coração.

E é bela por isso, minha paixão.

Ramon Alcântara

Lágrimas II

Eu vazo
eu inundo
eu ensopo
e o rodo me roda
pra aquele lugar

e o cano me traz de volta.

Eu deságuo, diluo
eu enxáguo
eu inturgeço
e a mão comprime
pra me expurgar.

Vou com o torcido
espremido
empoço
e o pé me pisa
me espirra a esmo.

O vento me leva
eleva, escorro no ar

e vou por aí
sem meu choro acabar.

Nem todo sol ardente…
Nem o vento secante…
Nem a concretude tangente…

Rio, choro e ranger de dentes
me desembocam no mar.

Ramon Alcântara

Muxoxo

Libertei-me  finalmente
      da moldura!
      Pra tua amargura.
      Sobra para ti esta face.
      Bem a teu gosto.
      Minhas “caras e bocas”
      fazendo muxoxo.
      Em fotos
      nunca mostramos
      desgosto.

      Acabou minha prisão
      findou-se a tortura.
      Fica apenas esse retângulo
      do meu antigo rosto.
      Este ainda acorrentado
      na parede escura
      lembrando aqueles
      dias de meu profundo
      mau gosto.

      Guarda  este instante
      foi loucura, viagem!
      Fixa esta imagem
      Alento para a vida ordinária
      de quem mente.

       Foi só o que te restou.
      Do imbecil roteiro.
       Aquele feito por ti
      em território alheio.
      Puro devaneio
      de quem vive no imaginário

      Não sinto  saudade
      dessa minha sósia doente

      Ela continua presa

      num coração que não sente

      

      Amor não é  banalidade
      Vivo o atualmente

      com um passado presente

      que não mente.
     Rosa Pena

Na Penha

Subo a escadaria
365 degraus
Por fim
Chego ao fim
O pátio
A Igreja
Entro
Calma
Silêncio
Paz
Faço o sinal
Ajoelho e rezo
Sem que eu queira
Uma lágrima escorre
Dos meus olhos
Sinto um olhar
A me olhar
Olho
Pros olhos
Que me olham
E a vejo
Basta-me
Essa visão
Tudo fica claro
Naquele instante
Naquela fração de segundo
Tudo se resolve
Eu a vi
Ela me viu
Nos nós vimos
Eu sei
Que ela sabe
O que quero
Sem nada ter dito
Agradeço
Faço o sinal
E vou ser feliz
ABittar

É preciso

Dar um tempo
Olhar pra dentro
Ponderar
Estou preparado
Realmente
Pra começar
A viagem de volta
Ao início ao princípio
Onde tudo começou
Ao lado do Mestre
Algo vindo
Do fundo
Do meu interior
Fala-me
Telepaticamente
“A viagem”.
Faz-se “viajando”.
“É preciso começar a viajar”
“Para se terminar a viagem”
Entendi o recado
Vamos começar
Navegar
Agora
É preciso
ABittar

Espera

Ainda é cedo
Ta saindo o café
Quentinho
Fresquinho
Passado agora
Bebe, prova.
E diz como está
Com açúcar mascavo
É o que há
Dá até
Pra falar
Etá cafezinho bom
Viu
Como valeu
À pena esperar
ABittar

Que posso fazer

Pra esquecer você
Se ainda a amo
Se ainda a quero
Como jamais
Quis alguém
Se ainda a chamo
De meu bem
Como vou
Deixar de amar você
Se só penso em você
Na rua, no metrô.
Aonde eu vou
Vejo você
Em cada mulher
Que vejo
Se ainda em mim
Sou seu garfo
E você minha colher
ABittar

Quando

Quando
A saudade bateu
Confesso: Titubeei
Pensei em voltar
Mas, resisti.
E agora
Que a saudade
Passou
Descobri
Que posso sim
Ser feliz
Sem você
Perto de mim
Quando tenho
Um novo amor
ABittar

AMIZADE, PAZ E ALEGRIA

Na busca da felicidade ampla
      Encontramos a amizade real,
      Que a alegria em nós estampa
      E a irmã paz trás em seu bornal

      A amizade, a paz e a alegria,
      São trigêmeas que caminham
      Juntas em intrínseca trilogia
      E em nossos peitos se aninham

      Quem tem um amigo verdadeiro
      É feliz por encontrar alicerce
      Que lhe serve em tudo de esteio

      Como  resposta a suas preces
      Quando a dor lhe pega de cheio
      De paz a sua alma ele aquece
Jorge Linhaça

HABIBE

Sou eu o teu habibe
      Sheick da tua tenda
      és minha esfiha, eu teu kibe
      vivemos em doce contenda

      Voamos  em nosso tapete
      em idílios de pura paixão
      na lamparina o azeite
      aquece no peito o coração

      E nas mil e uma noites,
      vivemos mil aventuras,
      entre afagos e açoites,
      entre carícias e loucuras

      Minha odalisca fogosa,
      entre almofadas perfumadas,
      em ti o perfume das rosas,
      em mim a poeira da estrada.

      Somos assim complementos,
      que se encontram em devaneio,
      amando oleados em ungüentos,
      amalgamados em nossos anseios.

Jorge Linhaça

DEUSES E OUTRAS MATIZES

Refulge o vidro no contacto solar.
Fábricas emanam fumos ardilosamente.
E as poucas árvores, no dealbar
Dos tempos, morrem prematuramente.

Dos algozes corroídos pelo vento,
Escapam-se os venenos mas críticos.
Nada escapa aqui nem o aluimento
Melífluo dos ácidos puramente cítricos.

O homem espelha-se a si próprio.
Não corresponde ao que se espera dele.
Vitral consumado e impróprio,

De quem se venera mais do que a vida,
E mostra vaidosamente na pele,
A cicatriz vegetativa que lhe é devida.

Jorge Humberto

Amor de ilusão

Quis ver a noite, antes de deitar-me
      pois se podia ve-la, logo recordava
      queria ver seu rosto antes de dormir
      mas era impossivel, nao estavas ali.
      Quiça somente habites em meus silencios
      talvez somente existas, em meus doces sonhos
      sonhos de um passado, sonhos de um ontem.
      ¡Dios quanto daria,por volverte aver!
      Deus, quanto daria para voltar a te ver!
      Para roçar seus labios, sentir sua pele,
      para sentir de novo suas mãos em meu ser.
      Mas era impossivel que voce a mim voltasse
      pois somente existia, aqui em minha cabeça
      era somente parte, de um sonho distante
      amor como o seu, não passou por mim
      nunca conheci um amor sincero,
      nunca vi esse amor, por isso sonho
      não sei como és, para te amar de verdade
      tao somente conheci, pessoas meio feras
      por isso renuncio sem piedade ao amor
      o amor de sonho, é sempre melhor
      nao deixa vestigios, nao marca a pele
      nao busca  forma de arruinar seu ser
      tão somente é um fragmento da imaginação
      um pouco de tempo, que lhe roubo em
      ocupar seu dia, meu melhor tempo!
      quisera dizer em poucas palavras
      fragmentos de vida, que hoje ja estao distantes
      mas nao se pode em um só instante
      dizer o que vivi, o que vivi antes.
      agora tudo é paz, e minha vida glória
      e aquilo, ficou no passado
      Quisera dizer-te, mas o esqueci
      por isso é ontem, por isso é passado. 

      Autor: cris   

Tu… mi vida

Siempre tengo sed
pero sólo la apago con tus labios
que me sacian …

Es al abrigo de nuestros abrazos
siempre tiernos y cálidos
que ahi encuentro mi paz

En mis tristezas … en tus hombros
dónde lloro , adónde me consuelas
con tu afecto y cariño
siempre me estimulas…

Cuando el mundo cae sobre mi.
las injusticias, las derrotas, las amarguras de la vida,
Tu paciencia suaviza
mis quejas

En mis noches insomnes, vacías
es tu amor que me hace compañía
y quien mi pecho alivia

Cuando tropiezo en la vida
y tu mano me ayuda a levantar
es tu amor que me anima

Si enfermo o tengo dolor ,
de ti viene mi curación , mis remedios
y son tus cariños mis alivios,
tus masajes me dan energia y vigor

En todos los momentos, de mi vida,
en cualquier situación, solo es contigo que cuento
En el cuerpo y el alma , te tengo a ti mi amor
Con el cuerpo y el alma , te amo..con ardor

Joe’A