Emigro para ti…
Barca antiga de cansaços
levada ao sabor das marés.
Praia ou ilha. Não importa!
Não quero bússola nem mapas
sigo apenas uma luz
que inundou o meu convés
uma estrela
que do alto me murmura:
Vem!…
Não pretendas ouvir o indizível
nem saber a duração da jornada.
Deixa-te embalar pelo canto das sereias
sacia-te dos frutos que emergem ao acaso
bebe das águas turvas de mistério
Vem!…
Não temas tempestades!
Embriaga-te das noites de bonança
perfumadas de incógnitas.
Esquece meridianos e coordenadas
e corta ventos e marés
com teus braços feitos remos
e teus beijos feitos velas
Vem!…
Talvez a praia
não seja mais do que miragem
talvez a ilha
seja um cais de insensatez
talvez te percas, naufragues até…
Mas vem!… Vem!…
Ainda que o desígnio seja apenas a viagem
Carmo Vasconcelos