Ontem
Minha vida era um jardim deserto
e álgido vento ressecava
as folhas verdes da minha esperança…
Ontem, ao tempo aberto,
oscilavam ao úmido ar,
as hastes nuas
das flores de minha alegria
e no nada, plantavam-se aéreas,
as raízes de minhas incertezas…
Ontem
Pendiam flácidas, as vagens
nos inertes hastís dos meus ideais
e as débeis sementes de meus sonhos
escorriam pelas margens dos canteiros…
Meras e vágeis bagas:
meus sonhos despontuais,
sem destinos e nem crenças!…
Hoje
Chegaste acendendo o sol às leiras
e a serenidade é-me plenitude!
Hoje,
porque vieste
– Mensageiro do meu abrandamento-
e passaste lado a lado
em minha alma,
os teus passos enterraram
as sementes lassas de meus sonhos soltos,
e onde estão, agora germinam esperanças,
em minh’alma canteiro!
Hoje
Erguem-se em mim,
anímicos bosques florais…
Serpenteiam entre as flores,
Vigorosos, os meus ideais
e voltaram a imperar, em meu íntimo,
as grandes certezas!
Hoje,
quer cantar a minha alma
e falar de alegria!…
Quer poder abraçar e dançar a poesia,
em seu rítmo!…
Quer mais tempo a olhar
o que há de bonito!…
Quer a todos levar o que lhe move a estesia!…
Hoje, Mensageiro,
quer minh’alma levar os lampejos fraternos,
refletir as luminescências das cores primeiras…
evolar os aromas florais das votivas boninas
do jardim em meu íntimo,
ante a primavera, de que és Jardineiro!
Eme Paiva