INTEMPORAL
Posted by amizadepoesia em Março 4, 2008
Há algo de fascinante num deserto.
Como cão abandonado sem dono
é lá que buscamos uma trindade,
que fique ante nós, aqui por perto.
sei que por mim eu não respondo
em todo esta fútil e vil iniquidade.
A areia do deserto, a perder de vista
é desconsolo para os mais fracos.
mas quem como eu escuta do corvo
o grito, só pode ser alquimista,
com velhos testamentos e tratos,
que nunca beneficiaram o povo.
Cogumelos, chás e alucinações,
volteiam-nos na cabeça como sapos.
O Xamã espera por nós na entrada.
enquanto o deserto cria fricções
e nos vai mostrando os raros cacos
em que, pródigos, criamos a estrada,
Que nos levará deserto adentro,
famintos e sequiosos de água pura.
Venham! Venham todos, para ver
a vossa própria morte, o unguento
que verte de vossa candura.
quem, de vós, virá aqui se submeter?
Nesta Terra abandonada por Deus,
só os mais fortes sobrevivem,
para contar o que lhes aconteceu,
enfrentando infernos, subindo aos céus,
inda que outros destes se esquivem,
aconchegados nos braços de Morfeu.
Já viram a morte ante vossos olhos?
Ela chega com luvas de pelica,
tacteando paredes e sombras,
arrastando-nos pelos escolhos
de uma laguna extremamente rica,
soltando aí as prazenteiras pombas.
Jorge Humberto
Deixe uma Resposta