Quantas palavras no peito sufocadas,
nunca ditas, esperam, guardadas…
Sentimentos puros, verdadeiros,
instalados no silêncio da alma!
Palavras esculpidas por imenso carinho,
ficam embargadas, por lágrimas doridas,
salgadas, esquecidas num cantinho qualquer
do pensamento… Quanto sofrimento!
Quantas palavras emudecem na garganta,
por uma ausência, desnecessária, constante.
Palavras, adormecidas… Camufladas…
Revestidas de esperanças enexistentes.
Palavras de sensibilidade e de amor,
destas que não se consegue deletar.
Somente quem ama, sabe o seu real valor.
Precisa saber amar, para o verbo conjugar.
Alguém que, hoje, se faz ausente,
já foi o protagonista desta história.
Já não sente a paixão alucinante de antes,
nem as batidas frenéticas do meu coração.
Mas, na lembrança do seu penetrante olhar
guardo a suavidade dos sublimes momentos…
As palavras adocicadas pelo seu doce poetar…
A magia que transformava tudo em encantos.
Gostaria de poder usar essas palavras,
sei que com certeza iria entendê-las!
São compreensíveis, diretas, sem curvas,
uma ponte a espera do transeunte certo.
Só precisaria o verbo soltar e, assim,
trocaria palavras por encantamento.
Alimentar-me-ia com a chama desse encanto,
daria um novo sentido ao meu pensamento.
Sabe o que falta? Falta a chama ardente do olhar…
Falta este silêncio, incessante, interromper…
Falta reavivar o desejo de continuar a sonhar…
E de corpo e alma se entregar ao prazer de viver.
Avany Morais