Sou este sol sobre o rio,
o silêncio da tarde que esvai…
A chegada da noite no cio,
gozando o orvalho que cai!
Sou as cascatas fumaçantes,
que despencam dos desfiladeiros…
O mar azul de ondas gigantes,
as praias que guardam os coqueiros!
Sou as aves que migram aos banhados,
a neve nos montes dormentes…
O vulcão que desperta magoado,
chorando lavas incandecentes!
Sou o verde das matas,
as areias quentes do Saara…
O vento que assovia nas campinas,
a chuva que a terra fértil embala!
Sou os trovões, o arco-íris,
as nascentes das grutas andinas …
A poderosa mãe das enchentes,
quem dá cor as nevascas alpinas…
Dona de todo Àrtico,
terra dos ursos polares!
Das baleias de todos os tipos,
dos peixes que cruzam os mares…
Sou a musa dos poetas,
amante ardente dos trovadores!
Aquela que abriga o boêmio,
na madrugada com suas dores…
Sou a semente da terra,
sou o perfume das flores…
O ipê amarelo das serras,
o penhasco dos condores!
Sou a paisagem árida do sertão,
a palma verde que resiste a tudo…
O alimento da criação,
a areia e o grão que permanecem mudos!
Sou a magia da vida!
Da terra toda beleza…
Da mão boa, a criança cativa,
da mão ruim, a natureza!
Sou o grito no fogo…
O gemido triste no lixo!
Na poluição sou feto abandonado,
nas derrubadas com final, prescrito!
Sou a mãe sangrando nos braços
dos homens,
que um dia pelas flores tiveram as
mãos perfumadas…
Indigentes que esqueceram do nome,
quando ainda esta terra eu tinha abrigada!
Sou a morte do próprio homem!
Muito embora a contragosto…
Sangro ao buraco de ozônio,
no aquecimento de todo exposto!
Sou a criatura de Deus
por esta terra esparramada…
Sofrendo na mão de ateus,
esperando para ser crucificada!
Sou a natureza que chora!
Que clama por salvação…
Com poder de acabar com
tudo em poucas horas e
que não tem do Pai a autorização!
José Geraldo Martinez