” Porque felicidade também se aprende”
Se qualquer ser humano se deparasse
com a seguinte cena: uma bandeja
contendo três taças, a primeira com
água até a borda, a segunda com um
pouco de água e a terceira praticamente
vazia, provavelmente pensaria que
a melhor delas seria a primeira,
afinal, continha água suficiente
para matar a sede de uma pessoa.
A terceira, aos olhos humanos, seria
uma desafortunada, uma esquecida ou
quem sabe uma coitada, não cumpriria
sua função.
Os olhos humanos, porém, não enxergam
pela lógica de DEUS, a lógica do ser
humano que só cresce quando aprende.
Sabemos que as mudanças que acontecem
na vida das pessoas, a princípio assustam
ou até chocam, mas, com o passar do
tempo, o aprendizado gerado pelo “mudar”
provoca crescimento significativo
no interior das pessoas.
Nas mudanças perdemos e ganhamos em
um dialético processo que envolve
mortes e ressurreições. Deixamos algo
para trás e adquirimos algo do novo
que chega. Saímos de uma situação
acomodada do costumeiro cotidiano
para mergulharmos na escuridão do
desconhecido.
Imaginem a mesma cena inicial, em qual
das taças há espaço para água nova?
Em qual taça poderia ser depositado
o mais saboroso dos vinhos?
Qual taça mantém espaço para o novo?
Nem sempre o que é visível é o melhor,
nem sempre o que parece catastrófico
realmente é. Muitas vezes a taça vazia,
o não estar completo nem fechado,
o desejo de algo mais abre nossa
vida para um universo de possibilidades.
Nós humanos muitas vezes nos enchemos
de cursos, formações, títulos,
seguranças financeiras, fanatismos,
verdades cristalizadas, saberes
protegidos pela redoma que construímos
ao redor de nossos corações e nos
esquecemos do mais importante: dar
espaço para DEUS entrar, dar espaço
para crescer com o cotidiano que tanto
nos ensina se soubermos observá-lo
não somente com os olhos.
Quando enchemos nossa taça de água
não há espaço para o bom e verdadeiro
vinho. Quando depositamos nossa
segurança em tantos saberes nos
fechamos para o aprender. Perdemos
a condição de eternos aprendizes.
Se você não se sente completo, se não
se sente pronto e acabado, que bom!
Você está vivo e pronto para
experiências novas, aprendizados novos,
para o crescimento pessoal, familiar
e profissional.
Freud dizia que o maior perigo da
humanidade é achar que sabe.
Ser aprendiz significa que na
taça da minha vida tem espaço
para mais vida.
Todos nós, pais, filhos, profissionais
ou pessoas, temos espaço livre para
o novo que virá com as mudanças,
somos pessoas que já têm um pouco
de vida, valores e experiências
na sua taça, porém, ainda não se fechou
ao que ainda virá.
Bem aventurados aqueles que aos olhos
humanos são incompletos, insuficientes
e incapazes momentaneamente, pois neles
há espaço para a vida em abundância!
Pensando assim, que bom olharmos para
nossas crianças, as taças delas estão
só com um fundinho de água e temos
muito espaço para ensiná-las que
a vida é aprender sempre.
Somos aprendizes do amor, da profissão,
da vida em família, da felicidade!
Não lamente se hoje sua taça está
quase vazia! Alegre-se que nela
há espaço para ser feliz!
Adriane Albuquerque Cirelli