Eis que adentra a escuridão latente
Brancas vestes de asas envolventes,
Perfume de linda alma transparente,
Um anjo celeste sozinho e de repente…
Depara-se com aquele ser tão triste…
Que martírio de dor que ali existe!
Nas trevas de sofrimento não desiste,
Ouve o tal lamento que o amor assiste…
“Vês?
Sou agora este espírito dormente,
Sei que fiz sofrer demais os inocentes,
Devo aqui ficar entre este fogo ardente,
Sei que é difícil essa cena deprimente!
Que fazes aqui sem anjos assistentes?
…O mal polui o pensamento destes dementes…
Vá-te daqui! meu grande Amor… meu Presente…
Não te mereço as santas lágrimas quentes…
Sou o que me fiz entres estas pedras somente…
Vou aqui ficar, sem lume, sozinho,
meu anjo reluzente!”
“Sim…
Sou teu anjo … espírito fraco e sofrido…
De muito longe segui teus gritos, os teus gemidos
Sofres por teus atos, por meu amor ter esquecido…
Mas, aqui estou, levo-te daqui! Sei…vou ser punido!”
Encarregou-se dali retirar o pobre negligente…
Encaminhou às florestas da cura seu pedaço de gente…
Voltou-se assustado, calado, aos céus paciente,
Deparou-se de pronto…Um ministro eminente…
“Que fizeste tu, oh Anjo! Queres o rumo cadente?
Por quê soltaste o espírito, a tal figura-serpente?
Nos, os ministros, a condenamos eternamente!
Como foste, Anjo Cristal, Tú…tão displicente?”
“De que meus atos são fruto? De meu coração dolorido.
Não esqueci das sentenças daquele pra mim colorido,
Que clemente seria, se vida, a mim, perdesse sentido?
Falaste-me com razão, sei da verdade, não tenho pedido.
Fazes o que a ordem te impõe, sou por demais envolvido!”
Entre outros, quase cem, dos espíritos radiosos,
filhos daquele Amor,
Eis que surge em guardiões,
aquela voz de cetim, o espírito do Mentor:
“Certamente que Arcanjo esculpiu este ser…
ouço sua oração e a sina de sua dor
Sabes, meu pequeno…falou-me teu coração,
quero ser de ti escudo Protetor!”
E naquele mesmo instante,
de um sol radiante, com imenso esplendor…
Surge o Pai dos Anjos…
em tons de azul e amarelo, com toda a sua cor…
“Que julgo é este do meu anjo,
acaso não sou eu o mensageiro do criador?”
Os Ministros reverentes
ouviram solenemente as palavras do libertador…
“Tua alma caridosa já me destes em alegrias…
Já sofreste naquela terra, na estrada, nas searas …
Recebo teu desejo! Lembre-se daqueles dias…
A ti concedo auxílio de seres de almas claras.
Teu amor te fez as asas, retirei marcas humanas
Mas teu coração chora as lágrimas das tormentas…
Tua pureza e fé será arrimo, devolvo-te vida mundana,
Tu saíras vencedor pois, contudo, não te lamentas…
Vá! Leve contigo minhas bênçãos…
Encontre o ser amado que ousaste libertar…
Lembre-se sempre da minha canção…
de lá virá seu brado … Eu vou te abençoar…
Vencerás novamente esta terra impertinente, pois…
Eu sou o sol nascente,
sou o fruto e a semente,
Sou a fé permanente,
socorro dos remanescentes…
O raio do onipotente,
Sou a cor existente,
Sou o Amor que sentes…
Sou o pão dessa gente!
Vá…meu cristalzinho,
de olhos puros e carentes!”
Príncips