No tempo,
Dias de gloriosas emoções,
Abençoados pelos Anjos,
Límpidos aos Olhos do Criador,
Em que a criança, que existia em nós,
Confundia-se com o “ser adulto”,
Libertando o “ser amante”,
Para que, com expressão e anseio,
Vivêssemos
A entrega plena e absoluta…
Dias aqueles!…
Onde a plenitude dos sentimentos
Iluminava nossas almas,
Aquecia nossos corações,
Para fortes na confiança
Ultrapassar barreiras,
Fixando as raízes dos sonhos
Do poeta mais apaixonado…
Fôssemos
Nascente e curso de um rio
A varrer os caminhos com júbilo,
Fonte de amor!…
Tempo em que nos permitíamos o deleite
De bailar sobre nuvens!…
Caminhar na madrugada,
Cantar sob a chuva fina de inverno;
Ou, nas noites quentes de verão,
Deitar na areia branca da praia
E observar a Lua e as Estrelas,
Acreditando que o céu era nosso abrigo
E que nada poderia jamais
Abalar aquela relação encantadora,
Mágica!…
Um tempo em que tocávamos com as mãos
Dias e dias, em que o Universo
Conspirava a nosso favor,
Éramos nós e a pureza das cores da natureza;
Encanto do arco-íris!…
A beleza do olhar sem pretensão,
A não ser dar-se e ser feliz…
Sem distorção da razão,
Onde foi moldado o ser humano
Para ser dono da felicidade…
Tempo que passa!…Dias que se foram,
Sem que eu pudesse entender
Como as mudanças acontecem;
Como prevalece o irreal da comiseração,
Dos ventos que sopram sem piedade,
Desfigurando o sorriso e encanto
Do que foi a face da cumplicidade…
Um tempo que o tempo carregou,
Deixando meus braços vazios,
Minha alma amargurada,
Meu coração solitário de ti,
De tantos sonhos sonhados,
Tantas ilusões aquecidas,
Tantas metas que o vento arrastou!…
Distorção que se firma na lembrança,
Nas feridas que ainda não cicatrizaram.
Um acordar e saber
Que, em algum lugar do passado, te perdi!…
Errante, carregando comigo
O sabor dos teus beijos,
O calor do teu corpo no meu…
A ilusão de que ainda um dia
Ressurgirás das cinzas do que foi nosso amor,
Para apagar com um sorriso
O que não deveria ter acontecido
E, então, iremos recomeçar de onde paramos:
Para que a eternidade se faça dos prazeres
Que ainda possamos viver;
Do amor que o tempo não apagou,
Apenas adormeceu…
Acordando no hoje, uma manhã de sol!
Carmen Cristal